MESTRA YAKEKERÊ JOANA CAVALCANTE

 

Joana D’arc da Silva Cavalcante – Mestra Joana, Yakekerê Mãe Joana da Oxum – é uma das artistas populares pernambucanas de grande projeção no cenário do país. É a única mulher, até nossos dias, a coordenar e apitar o batuque de uma Nação de Maracatu de baque virado, a Nação Encanto do Pina, além de liderar dois outros grupos: Baque Mulher e Mazuca da Quixaba.

Foi por anos coordenadora e coreografa da ala dos agbês da Nação Porto Rico. Como professora de maracatu – fundamentos, batuque e dança – e de dança dos Orixás, tem viajado desde 2008 para o sul e sudoeste do Brasil divulgando seus conhecimentos e formando novos batuqueiros. Dentre os instrumentos que toca está o Ilú, instumento de pele tocado no candomblé Nagô.

A partir de 2016 aumenta sua atuação participando do Rencontre Internationale de Maracatu/2016, em Paris, França, como professora de dança e de agbê.

Joana D’arc da Silva Cavalcante, neta da Yalorixá dona Maria de Quixaba, sacerdotisa do Ylê Axé e culturais desenvolvidas dentro do Ylê Oxum Deym, uma das mais antigas do bairro do Pina, desde criança esteve presente as atividades religiosas. Confirmada Yakekeré : Mãe Pequena do Terreiro segunda pessoa na hierarquia de mando de uma casa de Candomblé. 

Mestra Joana, mulher negra, mãe pequena do Ylé Axé Oxum Deym e militante pela comunidade do Bode no bairro do Pina em Recife, carrega consigo o legado de uma das nações mais conhecidas de maracatu de baque virado, a Nação de Maracatu Encanto do Pina, sendo ela mesma a mestra que rege o baque e que se responsabiliza pela manutenção dessa tradição afro pernambucana. 

Sendo a única mestra de maracatu de baque virado que já houve até o momento, também enfrentou e ainda enfrenta diversas formas de resistência à sua posição hierárquica, interpretadas por ela e outras batuqueiras como posicionamentos de cunho misógino e machista. Muitos foram os que não se referiram a ela como mestra, mas apenas como Joana, enquanto homens na mesma posição eram reconhecidos como mestres.

Anos e anos de luta para dar continuidade aos trabalhos sociais da Nação de Maracatu Encanto do Pina, Mestra Joana foi se tornando inspiração para outras mulheres que buscavam se empoderar para superar tais amarrar em suas comunidades, em seus mais diversos contextos. Sendo inspiração, Mestra Joana foi se sensibilizando à necessidade de trazer à tona discussões acerca do papel da mulher no maracatu de baque virado e de como o mesmo pode empoderar mulheres não somente batuqueiras, mas também moradoras da comunidade do Bode e ainda outros bairros mais pobres e periféricos, que muitas vezes não se identificam com as expressões culturais em cena justamente por não terem o protagonismo feminino.

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