Chegou meu baque que vem lá do Pina!

janaína, carro alegórico de 2014 - nação do maracatu encanto do pina, 2014. foto: maurício carvalho | Carros alegóricos, Carnaval, Encantos

 

 

A Nação de maracatu Encanto do Pina, é considerado uma das mais importantes nações de baque virado de Pernambuco. De tradição nagô, foi fundado em 5 de março de 1980, pela Yalorixá e parteira tradicional Maria José da Silva, conhecida como Maria de Sônia, filha de santo mais velha de Eudes Chagas. Suas cores predominantes são azul e o amarelo pelo fato de sua fundadora ter como ory (cabeça) as orixás Yemanjá e Oxum.

Situado na comunidade do bode, bairro do Pina, o maracatu tem sua sede no Ylê Axé Oxum Deym, terreiro da yalorixá Maria de Quixabá, atual líder espiritual da nação e possui como presidente o sacerdote Manoel Cândido Cavalcante, mais conhecido como Marcelo, que assumiu a nação em 2000. A partir de 2008,  Joana Cavalcante se torna mestra da nação.

A nação conta com a participação de filhos e filhas de santo do Ylê e da comunidade, além de pessoas de outros bairros da RMR, outros estados e de outros países que no carnaval viajam para Recife e participam do desfile oficial, além de outras ações.

A Nação de Maracatu Encanto do Pina vem acolhendo há 41 anos crianças e jovens da comunidade do Bode no intuito de proporcionar outras vivências e caminhos que não o do crime, da prostituição, do abandono, da exploração, do racismo e machismo, mazelas tão enraizadas na sociedade em que estão inseridos e voltados principalmente contra eles mesmos, a comunidade negra e periférica de Recife. Nesse sentido, Mestra Joana sob os cuidados de Vó Quixaba grande matriarca e Ialorixá da Nação, proporciona junto à comunidade valores como a promoção social, o exercício de direitos iguais, o combate ao racismo, a plena proteção de crianças e jovens, a integração comunitária e a formação cultural. Valores que de fato vem fazendo a diferença para o futuro dessa juventude.

    Além de manterem a tradição do maracatu de baque virado que há séculos sobrevive à negligência dos governos e à consequente falta de políticas públicas que a promovam, Mestra Joana e Vó Quixaba mantém também a tradição religiosa de matriz africana, enfrentando perseguições e preconceitos propagados por fundamentalistas e corroborados pela mídia corporativa que silencia os casos de violência declarada à comunidade negra e sua manifestação religiosa.